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Com Relatório SOC, certificação e parecer independente é possível agregar credibilidade aos beneficiários do setor de saúde sobre os processos internos e controles
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Mudanças profundas no setor de cuidados médicos provocaram um impacto significativo no setor de materiais médicos.
Tratamentos médicos nunca estiveram tão acessíveis, e os custos aumentaram em um ritmo acelerado. Ao mesmo tempo, governos e empresas estão sob intensa pressão para conter os gastos. Tais fatores, combinados com a grande quantidade de informações que hospitais e grandes centros médicos tem capacidade de capturar e visualizar, geraram pressão nos preços de remédios e materiais médicos. A resposta das empresas a este problema foi buscar soluções que reduzam os custos para os pacientes e ao mesmo tempo minimizar o impacto no preço de venda de seus produtos. CFO’s do setor de materiais médicos tem de tomar decisões chaves dentro desse ambiente cheio de atividade e inovações.
Esses foram alguns pontos abordados na entrevista com Bill Jellison, ex vice-presidente sênior e CFO da Stryker Corporation, empresa líder do segmento de materiais e equipamentos médicos. Bill tem uma vasta experiência nas áreas de finanças internacionais, incluindo contabilidade, planejamento e analise, reportes a comissões de valores mobiliários, avaliação de aquisições, auditoria interna, impostos e tesouraria.
Ele também trabalhou como vice-presidente sênior e CFO na Densply, a maior fabricante de produtos e tecnologias voltados a saúde bucal, e também na Donnely COrp. como VP de finanças, tesouraria e controladoria. Também esteve no conselho de diretores da Polyone Corp., fornecedora mundial de materiais de polímero, e na Young Innovations, uma companhia de sociedade fechada que fabrica produtos dentais. Ele ainda é conselheiro e consultor da med-tech.
Algumas das observações do Bill:
Provedores de serviços de saúde são como pequenas fábricas, métodos para minimizar custos usados na indústria são aplicáveis a hospitais, e aumentar a qualidade do serviço prestado.
Aquisições continuam sendo uma estratégia de crescimento chave, ainda devem ser feitas de forma metódica para assegurarem geração de valor real, e quando uma integração é completada com sucesso, esses elementos tornam a companhia formidável.
Modelos de negócios robustos requerem uma estratégia apropriada e compreensível que sejam claramente comunicadas e possam ser absorvidas por todas as lideranças.
Para encorajar o melhor nas pessoas, os CFO’s devem manter uma política de portas abertas não somente para os membros chave, mas para todas as divisões e locais ao redor do mundo.
Aqui estão mais alguns pontos da entrevista.
Grant Thornton: Como as mudanças nos serviços de saúde impactaram as estratégias para o setor de materiais médicos?
Bill Jellison: Para um hospital ou centro cirúrgico se tornarem referência ou conquistar a preferência, além de minimizar custos eles devem aumentar a qualidade do atendimento, o que inclui a contenção de infecções, maior índice de alta de pacientes e períodos menores de recuperação. Há uma grande quantidade de tecnologias, como cirurgias com robôs, componentes feitos com impressoras 3-D, mesmo que muitos ainda estejam na infância, devem continuar sendo o principal foco em esforços de inovação.
“Para um hospital ou centro cirúrgico se tornarem referência ou conquistarem a preferência, além de minimizar custos eles devem aumentar a qualidade do atendimento”
Grant Thornton: O setor de serviços médicos passou por profundas transformações. Qualquer indústria nessa situação tem o desafio extra ao alocar seus recursos. Como você aconselharia os CFO’s do setor com relação a isso?
Bill Jellison: Não há dúvidas que os recursos devem ser encaixados pela organização para construir e assegurar um processo eficiente de logística, regulatório e investimento em inovações de produtos. Estes investimentos têm alto rendimento e dão força aos alicerces da empresa, beneficiando funcionários, associados e investidores externos.
Grant Thornton: Tecnologia e análise de dados estão tendo um papel crucial nas mudanças do modelo de negócios do setor de serviços de saúde. Qual o papel do CFO nessas mudanças?
Bill Jellison: Um CFO deve assegurar que planos estratégicos apropriados sejam criados, claramente comunicados, e as lideranças se comprometam com ele. As receitas anuais devem estar nos eixos e apoiar este plano estratégico – e todos devem entender o plano em si e também qual o papel de cada um no sucesso dele. Todo o planejamento deve ter resultados mensuráveis que possam ser visualizados e seguramente contabilizados.
Grant Thornton: O desenvolvimento de materiais médicos leva muito tempo e um investimento pesado antes da companhia realizar qualquer lucro. Como você vê o ambiente para captação de recursos para os próximos anos, e qual a sua percepção sobre os métodos para diluir os riscos?
Os recursos estão claramente disponíveis dentro do setor, que esteve relativamente estável mesmo em momentos difíceis para a economia. Nós tivemos um longo histórico de grandes margens e performance lucrativa. Mesmo empresas que possuem um tamanho respeitável que se alavancaram ao comprar uma empresa de porte médio ainda deveriam procurar mais uma aquisição, seja de uma empresa de grande porte ou de porte médio caso tenham estrutura gerencial e a capacidade de fazê-lo. Parcerias fazem sentido em termos de estrutura, onde os participantes trazem diferentes oportunidades e capacidades.
Grant Thornton: Parcerias aumentam os riscos de segurança virtual, particularmente quando dispositivos médicos estão cada vez mais conectados à internet para gerarem consultas e relatórios de informações. Com todas as ameaças virtuais que existem hoje, o que as empresas podem fazer para se protegerem?
Bill Jellison: O ritmo acelerado de mudanças e os novos métodos de ataques definitivamente são um desafio, independentemente do tamanho da empresa. Eu acredito que o caminho seja garantir que sua empresa tenha servidores e plataformas locais, e testes para identificar potenciais pontos de acesso. É necessário assegurar uma revisão qualificada do processo de suprimentos, e que esses fornecedores e parceiros também tenham sistemas protegidos. Qualquer conexão entre as informações e o seu sistema e o deles deve ser protegido, com pontos de acesso estritamente controlados.
“O ritmo acelerado de mudanças e os novos métodos de ataques definitivamente são um desafio, independentemente do tamanho da empresa. Eu acredito que o caminho seja garantir que sua empresa tenha servidores e plataformas locais, e testes para identificar potenciais pontos de acesso”
Grant Thornton: Como um CFO equilibra a constante necessidade de investimentos em avanços tecnológicos com a urgência em reduzir custos?
Bill Jellison: O CFO tem um papel central em garantir que a redução de custos seja constantemente encorajada na organização. A contenção de gastos tem sido levada a cabo em todos os setores, desde a área de compras passando pela estrutura de salários e comissões até a estrutura funcional. É importante que a receita gerada seja total ou parcialmente reinvestida na empresa para que possa ingressar em oportunidades futuras. Os colaboradores têm de entender os benefícios do processo, que gera um fluxo para o sucesso e viabilidade do negócio no longo prazo.
Grant Thornton: As empresas podem aprender muito com seus pares de outras indústrias. De acordo com a sua experiência, quais são as lições que as empresas prestadoras de serviços de saúde podem tirar de empresas manufatureiras em termos de flexibilidade e eficiência enquanto aumentam a qualidade?
Bill Jellison: Eu acredito que provedores de serviços de saúde e hospitais são como pequenos centros manufatureiros. Eles já buscam melhorias técnicas e de ferramentas em seus processos internos, custos e procedimentos.
Muitos grupos terceirizados geram visibilidade às informações para hospitais criam insights sobre práticas de outros hospitais e centros cirúrgicos, que ultimamente aumentam suas receitas de longo prazo e eficiência.
Por exemplo, um pequeno hospital ou centro cirúrgico tem sua base de conhecimento ligada a uma equipe enxuta e muito coesa, e a informação passada por terceiros transmite conhecimento sobre procedimentos que podem ser feitos de forma diferente. Assim como as empresas manufatureiras mais flexíveis ajudaram a indústria de modo geral a criar processos há 10, 20 anos atrás, a visibilidade e o uso de informações podem influenciar positivamente os hospitais no que tange a redução de custos e melhorias do serviço.
Assim como a robótica transformou a indústria, prestadores de serviço da área de saúde entendem que que a robótica tem potencial para garantir consistência e possibilidade de repetição, e assim minimizar danos a tecidos, e reduzir o tempo de recuperação. É este tipo de qualidade de tratamento que gera o título de “centro de referência”, que os hospitais buscam alcançar. O objetivo é se tornarem estabelecimentos que as companhias e os governos indiquem pacientes para buscar ajuda.
“Assim como a robótica transformou a indústria, prestadores de serviço da área de saúde entendem que que a robótica tem potencial para garantir consistência e possibilidade de repetição, e assim minimizar danos a tecidos, e reduzir o tempo de recuperação”
Grant Thornton: Quais foram os momentos de maior pressão pelos quais passo como CFO?
Bill Jellison: No final das contas, tudo gira em torno de priorizar e dar atenção às áreas que geram valor. Um setor que gera muito retorno é o de aquisições – testar e comprovar as teorias, os processos de integração, timing das atividades, e garantir que oportunidades com sinergia sejam entregues em tempo hábil e que você tenha os recursos para trazer o negócio para fruição o quanto antes.
E temos as tarefas administrativas e reuniões que levam as pessoas a loucura. É necessário minimizar o tempo gasto com estas atividades quando elas não têm valor ou capacidade de gerar algo prático.
Grant Thornton: Talento é um ponto crítico no setor de serviços de saúde. Pode comentar como que um CFO pode influenciar o ambiente e a cultura que gere satisfação e retenção de colaboradores?
Bill Jellison: CFO’s devem promover o gerenciamento participativo e garantir que a política de portas abertas seja aplicada não somente aos altos cargos, mas sim em todas as divisões e filiais ao redor do mundo. Você tem de cultivar o que há de melhor nas pessoas. É necessário encorajar as pessoas a terem um mentor, e serem um mentor, e irem além de suas áreas de responsabilidade para ganharem profundidade e exposição. Eu acredito que é crucial aumentar as capacidades de pessoas com potencial para criar líderes apaixonados e com energia para o futuro.
Grant Thornton: Quais conselhos você daria a um novo CFO da área de materiais médicos?
Bill Jellison: De longe o mais importante é aumentar e desenvolver o seu talento. O sucesso de qualquer bom CFO está em montar suas equipes, como ele desenvolve aqueles integrantes, e o quão rápido essas pessoas podem assumir responsabilidades futuramente. Contrate as melhores pessoas, não só pelo que elas podem fazer hoje, e sim pelos próximos passos que elas podem dar nos próximos dois ou três anos. São os talentos que fazem uma empresa prosperar.