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Impactos da diversificação energética no mundo

dois funcionarios trabalhando em campo
Destaques

Mudanças políticas e desenvolvimentos em infraestrutura estão tendo um grande impacto nos custos de energia em diversos países.

Sócia de Auditoria

Elica Martins, sócia de Auditoria e líder de Energia e Recursos Naturais da Grant Thornton Brasil, em colaboração com especialistas das firmas-membro na Argentina, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, analisa como a diversificação energética está moldando decisões empresariais em seus respectivos mercados. Essa análise conjunta oferece uma visão global dos desafios e oportunidades enfrentados pelo mercado médio diante das metas de ação climática.

Fatores energéticos

O trecho abaixo adaptaria da seguinte forma: Nos últimos sete anos, o International Business Report (IBR) da Grant Thornton tem acompanhado o impacto dos custos de energia sobre empresas do mercado médio global.

Nos últimos sete anos, o International Business Report (IBR) da Grant Thornton tem demonstrado preocupação com o impacto dos custos de energia sobre empresas do mercado médio global. Esse indicador revela a percepção de líderes em mais de 30 países. Por isso, a necessidade urgente de diversificação energética, em meio às metas climáticas, é uma discussão que tem se intensificado. 

Além disso, as diferenças nos custos e preocupações energéticas entre os países podem ser atribuídas a diversos fatores, como: 

  • Fontes de energia
    Países dependem de diferentes fontes. Por exemplo, nações com abundância de recursos renováveis como hidrelétrica, eólica ou solar enfrentam dinâmicas de custo diferentes das que dependem de combustíveis fósseis.

  • Políticas governamentais
    Subsídios e regulamentações variam amplamente. Alguns governos apoiam fortemente as energias renováveis, enquanto outros ainda subsidiam combustíveis fósseis.

  • Infraestrutura
    O estado da infraestrutura energética influencia os custos. Redes modernas e eficientes reduzem custos, enquanto infraestruturas obsoletas podem elevá-los.

  • Dinâmica de mercado
    A estrutura do mercado de energia, incluindo concorrência e regulação, afeta os preços. Mercados competitivos tendem a preços mais baixos; já monopólios ou baixa concorrência mantêm preços altos.

  • Fatores econômicos
    Taxas de câmbio, inflação e saúde econômica geral influenciam. Economias mais fortes absorvem melhor as flutuações de custo.

  • Fatores geopolíticos
    Estabilidade política e relações internacionais afetam os preços. Regiões instáveis politicamente enfrentam custos mais altos devido à incerteza no fornecimento.

  • Clima e geografia
    Condições naturais influenciam a demanda e os custos. Países com climas extremos têm maior demanda por aquecimento ou refrigeração, impactando os custos. 

Esses fatores criam um cenário complexo, onde os custos e preocupações energéticas variam significativamente entre os países. 

Brasil: fontes alternativas e o mercado livre de energia

Além de contar com um mercado livre de energia, que permite redução de custos por meio da autonomia dos consumidores na escolha do fornecedor ideal, Elica Martins, sócia de Auditoria e líder de Energia e Recursos Naturais da Grant Thornton Brasil, aponta que as condições climáticas são fatores influentes na preocupação com os custos energéticos. 

“No Brasil, onde as reservas hidrelétricas representam nossa principal fonte, anos com boas condições hidrológicas, como foi o caso de 2024, permitem aumento na geração hidrelétrica. Isso tende a reduzir os custos de energia, algo que o setor espera que continue em 2025”, explica Élica. 

A maior disponibilidade de energia solar e eólica em certas regiões também contribui para manter os preços mais baixos. Em linha com a diversificação, estão também novas políticas governamentais e regulatórias. Segundo Élica, medidas como incentivos fiscais para energias renováveis e regulamentações que promovem eficiência energética desempenham papel importante na redução dos custos. 

Argentina: repensando o consumo

Em março de 2024, o governo nacional anunciou a retirada de subsídios para eletricidade e gás no uso não residencial, afetando milhares de pequenas e médias empresas (PMEs), indústrias e negócios. Isso aumentou a preocupação do mercado médio com os custos de energia no segundo trimestre do ano. 

Gabriel Righini, sócio de auditoria e líder de sustentabilidade da Grant Thornton Argentina, destaca: “A Argentina está em um processo de repensar o consumo de energia e reaprender: estão sendo buscadas alternativas para reduzir o uso de energia, e a sociedade exige uma produção mais ambientalmente amigável.” 

Gabriel e Estanislao de León, também sócio de auditoria, apontam que a transição para energia renovável pode trazer certa volatilidade nos preços. Mas com um plano sustentável e eficiente de uso, as empresas podem otimizar o consumo e reduzir a exposição à volatilidade, aproveitando momentos de estabilidade para economizar. 

Alemanha: estrutura regulatória precisa acompanhar o ritmo

Alexander Budzinski, líder global da indústria de energia na Grant Thornton Alemanha, afirma: “Empresas alemãs de médio porte, especialmente as intensivas em energia, estão acostumadas a preços relativamente altos e à desvantagem comparativa nos mercados globais. Mas estão frustradas com a falta de progresso no marco regulatório para mitigar esses altos preços e com as dificuldades de atrair financiamento adequado para investimentos na transição energética, devido à incerteza envolvida.” 

A autorização oficial para construção da infraestrutura de hidrogênio em 2024 e o novo desenho da regulação esperada sobre tarifas de redes elétricas são projetos com potencial para melhorar as perspectivas futuras da transição energética. O restante do marco regulatório precisa acompanhar esse ritmo. 

Reino Unido: descarbonizar o setor como missão 

Atualmente, petróleo e gás ainda fornecem a maior parte da energia do Reino Unido, tornando o país um importador líquido de energia. Barry Fraser, diretor de consultoria da Grant Thornton UK, comenta: 

“A guerra na Ucrânia aumentou a urgência para o Reino Unido se tornar mais seguro energeticamente, enquanto a crise contínua do custo de vida reforça a necessidade de soluções energéticas acessíveis.” Após a recente eleição de um novo governo, o Reino Unido busca aumentar a proporção de fontes de energia de baixo carbono por meio de políticas e investimentos em infraestrutura. 

Barry analisa que o objetivo do governo é reduzir a dependência do gás importado, tornando-se mais autossuficiente, cortando emissões e protegendo contra futuras altas nas contas de gás. 

Estados Unidos: integração de novas tecnologias

O cenário de custos energéticos nos EUA passou por mudanças significativas entre o final de 2023 e o final de 2024. Essas variações destacam a natureza dinâmica dos mercados de energia e os fatores que os influenciam. Bryan Benoit, co-líder global de avaliação e sócio de consultoria da Grant Thornton US, comenta: 

“O mercado global de energia enfrentou instabilidade devido a interrupções nas cadeias de suprimento de combustíveis, agravadas por tensões geopolíticas como a invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, o aumento da demanda energética após a pandemia levou a preços mais altos de commodities.” 

Ele acrescenta: 

“Ao investir em tecnologias de energia renovável, as empresas podem reduzir custos operacionais, melhorar sua reputação de marca e contribuir para os esforços globais de sustentabilidade.”