Nesta nova série de artigos da Grant Thornton sobre tendências internacionais, exploraremos como a disrupção pode representar uma oportunidade estratégica de crescimento, diferenciando empresas de médio porte de seus concorrentes.

A instabilidade passou a ser uma característica marcante do cenário empresarial global. Hoje, líderes enfrentam uma combinação inédita de desafios operacionais rotineiros e acontecimentos imprevisíveis – sejam eles globais ou regionais – que colocam à prova a capacidade de manter suas operações e crescer. De falhas em infraestrutura e ataques cibernéticos a desastres climáticos e mudanças abruptas no comércio internacional, a disrupção tornou-se parte do cotidiano.

O impacto econômico dessa instabilidade é expressivo. Estima-se que o crime cibernético custará à economia global cerca de US$ 1,2 trilhão por ano até o final de 2025 – valor superior ao de grandes falhas de infraestrutura. A queda de energia que afetou Espanha e Portugal em abril, por exemplo, gerou prejuízos estimados em €1,6 bilhão (US$ 1,82 bilhão).

Esses eventos evidenciam a vulnerabilidade crescente das empresas modernas, especialmente diante da interconectividade global que intensifica a dependência de cadeias de suprimentos críticas e redes tecnológicas complexas. Nesse contexto, a capacidade de adaptação tornou-se um diferencial competitivo essencial – e uma vantagem estratégica.

Segundo o International Business Report (IBR), da Grant Thornton, 53,9% das empresas de médio porte apontam a competitividade setorial como um obstáculo ao crescimento. As organizações que conseguem antecipar, absorver e se adaptar com confiança estão mais preparadas para proteger seus ativos, manter a confiança dos clientes e aproveitar oportunidades – enquanto seus concorrentes ainda tentam se recuperar.

Três tipos de instabilidade que desafiam as empresas

Este ano, três fatores principais expuseram vulnerabilidades em sistemas, cadeias de suprimentos e mercados globais. Essas são as áreas em que as empresas de médio porte estão mais focadas – e onde o investimento estratégico está impulsionando o crescimento por meio da disrupção.

1.

Sistemas e infraestrutura

A infraestrutura tecnológica confiável é indispensável, mas as ameaças cibernéticas estão se intensificando. De acordo com o IBR, 55,4% das empresas de médio porte estão preocupadas com segurança cibernética e riscos digitais – o maior índice desde o início do monitoramento em 2024.

Esses riscos são concretos. Ataques de ransomware a varejistas no Reino Unido causaram prejuízos de £300 milhões a uma rede de supermercados. Uma montadora global precisou interromper suas operações mundialmente, colocando empregos em risco e gerando caos em toda a cadeia de suprimentos.

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No mundo atual, a segurança cibernética é um risco empresarial comparável à geopolítica e aos desastres naturais. As recentes violações de dados em diversas organizações, especialmente na Holanda, mostram que estar em conformidade com a legislação não significa ser resiliente. É preciso agir e construir não apenas empresas resilientes, mas cadeias de valor resilientes.
Migiel de Wit-Beets Sócio de Riscos Cibernéticos da Grant Thornton Holanda

Segundo o IBR, 68,0% das empresas estão investindo em tecnologia, e 55,3% priorizam melhorias em segurança cibernética. Além disso:

  • 59,7% estão adotando tecnologias avançadas
  • 52,4% estão atualizando seus softwares
  • 67,4% estão investindo em inteligência artificial para impulsionar a inovação

Esses investimentos indicam uma mudança de postura no mercado: tirando o foco da defesa e empenhando seus esforços no crescimento.

As empresas estão construindo sistemas mais inteligentes e ágeis, capazes não apenas de resistir à disrupção, mas de prosperar por meio dela.

“Para construir uma organização resiliente a disrupções cibernéticas, é preciso começar do zero. Estabeleça monitoramento contínuo, defina KPIs estratégicos e crie painéis para acompanhar o progresso. Resiliência e conformidade começam com uma base de insights contínuos e melhorias constantes – pequenos passos para grandes impactos”, conclui Migiel.

2.

Clima extremo

Eventos climáticos extremos deixaram de ser uma ameaça distante e tornaram-se um desafio imediato. Enchentes, incêndios florestais, ondas de calor e furacões estão interrompendo operações, danificando infraestruturas e comprometendo cadeias de suprimentos.

O IBR aponta que 49,2% das empresas consideram as questões ambientais como um fator limitante ao crescimento – um aumento de 3,2 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2025.

Nos Estados Unidos, o NCEI (National Centers for Environmental Information) registrou 27 grandes desastres climáticos em 2024, com prejuízos de aproximadamente US$ 182,7 bilhões.

Somente os incêndios em Los Angeles, em janeiro, causaram perdas estimadas entre US$ 250 e 275 bilhões.

Esses eventos afetam desde a infraestrutura física até os custos com seguros e recuperação, além de minar a confiança dos clientes. Diante disso, as empresas estão percebendo que sustentabilidade não é apenas gestão de risco – é resiliência e vantagem competitiva.

Segundo nosso relatório Sustentabilidade em expansão, a maioria das empresas está mantendo ou aumentando seus investimentos em iniciativas sustentáveis, e 41,6% apontam a concorrência de mercado como principal motivador. Isso demonstra que a sustentabilidade está se tornando uma alavanca estratégica para se destacar e crescer em um mundo em constante transformação.

3.

Segurança das cadeias de suprimentos

Cadeias de suprimentos eficazes são vitais para empresas de médio porte, mas estão sob pressão crescente. Tensões geopolíticas, mudanças nas políticas comerciais, disrupções climáticas e gargalos logísticos estão dificultando o fluxo de bens, serviços e informações.

O IBR revela que 48,7% das empresas consideram as cadeias de suprimentos e sistemas de compras complexos como obstáculos ao crescimento. Novos regimes tarifários têm forçado empresas a reconfigurar rotas, buscar fornecedores alternativos e explorar novos mercados – muitas vezes sem aviso prévio.

Os impactos já são perceptíveis:

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53.0%
das empresas
esperam aumento nos custos de insumos nos próximos 12 meses
49.9%
das empresas
esperam que as receitas provenientes do exterior aumentem. Este valor é inferior aos 52,1% registados no primeiro trimestre de 2025.

Essas disrupções não são apenas logísticas, são estratégicas. Atrasos, escassez e aumento de custos podem reduzir margens, prejudicar o relacionamento com clientes e frear a inovação. Em um cenário pós-globalização, marcado por fragmentação comercial, agilidade e adaptabilidade são essenciais.

Empresas que compreendem profundamente suas cadeias de suprimentos, mantêm relações diversificadas com fornecedores e incorporam flexibilidade em suas estratégias estarão mais preparadas para prosperar. O artigo Trade in Transition apresenta um plano de cinco etapas para fortalecer cadeias de suprimentos e transformar disrupções em oportunidades.

Adaptabilidade como diferencial competitivo

Diante de um ambiente empresarial cada vez mais fragmentado, as empresas de médio porte precisam construir resiliência e evoluir. A disrupção – tanto cotidiana quanto imprevisível – exige uma nova forma de agilidade. Organizações capazes de manter operações, adaptar-se rapidamente e identificar oportunidades em meio ao caos conquistarão uma vantagem competitiva.

Em um mundo onde a disrupção é constante, a adaptabilidade tornou-se a nova moeda do sucesso. E a diferenciação é a chave para transformar desafios em oportunidades. As empresas que demorarem a reagir ficarão para trás.

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