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Consultoria em sustentabilidade: definindo a 'década da ação'

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Nos últimos dois anos, houve uma mudança radical no apetite do mercado por sustentabilidade corporativa e serviços de consultoria com foco em ESG. Neste artigo, nossos especialistas abordam os desafios e as perspectivas das empresas diante dessa alta demanda.
ÍNDICE

O crescimento orgânico do mercado de sustentabilidade corporativa se reflete em um maior interesse por aquisições de consultoria desta área, com uma ampla gama de compradores internacionais que reconhecem a necessidade de expandir essas práticas à medida que seus próprios clientes se preparam para fazer mudanças. Este período foi definido como "a década da ação".

Quais são os impulsionadores do mercado para consultoria em sustentabilidade?

É previsto que o mercado global de sustentabilidade corporativa cresça a 17% CAGR até 2027. O crescimento está sendo impulsionado por vários fatores, em grande parte relacionados ao aumento das expectativas de clientes, colaboradores e investidores.

Aumento da pressão por parte dos stakeholders

Stakeholders internos e externos estão aplicando pressão coletiva sobre as organizações para demonstrar que estão agindo de forma sustentável.

Atração e retenção de talentos

As empresas que demonstram credenciais autênticas de ESG estão encontrando mais facilidade para atrair e reter talentos, com 65% dos colaboradores dizendo que estariam mais propensos a trabalhar para uma empresa com políticas e procedimentos robustos de sustentabilidade.

Consumidores

Cada vez mais os consumidores estão se posicionando, com 49% deles relatando que pagaram mais caro por produtos classificados como sustentáveis nos últimos 12 meses, enquanto 59% dos consumidores já estão dispostos a boicotar as marcas que não agirem em relação às mudanças climáticas.

Investidores e capital

Os investidores estão pressionando os executivos para demonstrar e melhorar suas credenciais ESG, exigindo maior transparência e responsabilidade sobre onde colocam seu capital. Isso pode ser evidenciado por meio do aumento e sucesso dos fundos de private equity em linha com regulamentações vinculadas ao ESG e de como a análise de ESG está sendo incorporada aos processos de due diligence.

85% dos credores de médio porte relatam que o status de ESG de uma empresa ou sua capacidade de fazer a transição para o “carbono zero” influenciou sua avaliação de risco de crédito, com 65% das empresas entrevistadas em nosso International Business Report do segundo semestre de 2022 afirmando que consideram que as métricas de ESG afetarão sua capacidade de obter financiamento e o preço que pagam pelos empréstimos.

Prioridades da liderança

Os líderes empresariais estão se concentrando no desenvolvimento da estratégia de sustentabilidade e na condução de mudanças operacionais para atingir as metas de ESG de longo prazo, sendo que 80% dos CEOs acreditam que os investimentos em sustentabilidade gerarão melhores resultados comerciais dentro de cinco anos. 

A mitigação do risco de reputação corporativa está levando os líderes a reconhecer os benefícios internos e comerciais de ter uma estratégia de ESG autêntica e de impacto. As organizações não podem se dar ao luxo de serem abandonadas pelos concorrentes quando se trata de ações de sustentabilidade. Em função disso, a remuneração dos executivos está sendo cada vez mais vinculada aos critérios de desempenho de ESG.

Case Reino Unido - Pressão regulatória

A meta do governo do Reino Unido de uma economia “carbono zero” até 2050, por exemplo, é complementada pelo aumento da regulamentação e da legislação relacionada ao clima, incluindo a adoção de requisitos da Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD). Essa pressão está levando as PMEs a agir, tendo historicamente se concentrado nas maiores empresas.

Legislações futuras, como a TNFD, exige maior transparência sobre os riscos relacionados com a natureza, abrangendo uma mudança mais ampla do setor para soluções baseadas no meio ambiente.

Além disso, as empresas estão cada vez mais buscando aconselhamento especializado sobre mudanças na legislação relativas ao pilar social, como a Lei de Escravidão Moderna de 2015 e o aumento dos requisitos de relatórios de inclusão e diversidade.

Legislações globais também estão impulsionando a mudança de comportamento, com a iminente regulamentação da SEC nos EUA, que detalhará os requisitos de divulgação relacionados ao clima para as empresas que já estão conduzindo ações. As consultorias americanas de aquisição buscam cada vez mais exportar experiência e conhecimento da Europa para ajudar a preparar seus clientes.


Ponto de inflexão e interesse do mercado

Muitas empresas neste espaço estão sentindo a tensão do rápido crescimento comercial e operacional, com a demanda por talentos combinada com a escassez de consultores experientes em sustentabilidade, o que significa que os fundadores geralmente estão em um ponto de inflexão na determinação dos próximos passos estratégicos.

As crescentes preocupações com a biodiversidade, as práticas comerciais negativas em carbono e a expansão de soluções ambientais, além da redução de carbono, estão aumentando a necessidade de soluções baseadas no meio ambiente.

Além disso, há um foco crescente nos elementos "sociais" e de "governança" dos aspectos ESG – de certa forma historicamente negligenciado pelos clientes. Políticas de transparência, inclusão e diversidade da cadeia de suprimentos e práticas de trabalho sustentáveis são tão importantes para manter a reputação de mercado de uma empresa quanto sua eficiência energética.

Por fim, a busca contínua por um recrutamento experiente permanecerá, pois a demanda deve superar a oferta nos próximos anos. Embora isso seja ajudado pelo fato de os graduados cada vez mais optarem por trabalhar em organizações com um modelo de negócios sustentável ou orientado por um propósito.

A força combinada desses ventos favoráveis geracionais significa que o mercado de consultoria em sustentabilidade parece destinado a continuar sua trajetória de crescimento. No entanto, os serviços prestados provavelmente precisarão se tornar mais estratégicos e especializados à medida que a compreensão do cliente sobre as áreas temáticas aumenta e as soluções tecnológicas substituem as planilhas.

No entanto, dado o ritmo excepcional em que o mundo da sustentabilidade está evoluindo, é provável que as equipes internas de sustentabilidade continuem precisando de consultoria especializada para complementar suas equipes e ajudar as empresas a navegar pela "década de ação".

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