Com os negócios retomando no mercado de maneira gradativa, nossos especialistas em private equity destacam aspectos relevantes sobre o fluxo de negócios atual, onde estarão as oportunidades futuras para as empresas e como elas podem se adaptar para realizá-las.
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Quando a pandemia de Covid-19 atingiu todo o mundo no início de 2020, o setor de private equity foi duramente atingido. Praticamente da noite para o dia, o fluxo de negócios desabou, enquanto fundos de mid-market e consultores fechavam as portas e direcionavam seu portfólio à segurança por meio de uma gestão ativa.

Carlos Ferreira.pngCarlos Ferreira, managing partner de Private Equity da Grant Thornton US, relata sua experiência no início do bloqueio. “Era St. Patrick’s Day, estávamos no auge em volume de transações de M&A e, literalmente, sete dias depois, 90% dessas transações pausaram, pararam ou morreram".

Mo Merali.pngMo Merali, sócio e líder de Transações e Private Equity da Grant Thornton UK, diz que “a partir desse momento,  além dos negócios que estavam prestes a ser fechados, pois ainda faziam sentido, as carteiras foram divididas em três categorias: os gravemente impactados (viagens, varejo relacionado à construção civil, consumo e lazer, por exemplo), aqueles que receberam um impulso da crise e precisavam de mais capital de giro ou recursos porque o comércio estava se movendo muito rápido e aqueles que caíram no meio, onde o impacto total ainda era desconhecido”, afirma.

Wilhelm Mickerts.pngAções semelhantes ocorreram em todos os mercados. Na Alemanha, de acordo com Wilhelm Mickerts, sócio e líder de Private Equity da Warth & Klein Grant Thornton, “os fundos de private equity do mid-market usaram as primeiras semanas da crise não apenas para garantir financiamento, incluindo empréstimos garantidos pelo governo, mas também para melhorar as operações das empresas de seu portfólio”.

Mickerts compara o impacto da pandemia no mercado de private equity ao da crise financeira global de 2009, acrescentando que a resposta da indústria foi decisiva em ambos os casos. “Os fundos eram experientes naquela época, como são agora, para cuidar de suas carteiras, então eles emergem mais fortes quando as condições de mercado ficam mais claras”.

Qual será a próxima oportunidade de negócios?

O foco inicial na gestão de portfólio era comum em todo o mundo, mas agora que os mercados estão começando a se recuperar, os fundos e consultores estão avaliando o cenário para oportunidades de negócios tanto para compra, quanto para venda.

As casas de private equity são atraídas por negócios habilitados para tecnologia que podem sustentar o crescimento durante a atual – e qualquer futura – crise regional ou global. Em mercados tão diversos como Israel e Brasil, negócios estão sendo explorados e realizados em capacitação e educação online, telessaúde, e-commerce, produtos farmacêuticos, tecnologia de alimentos, logística, para citar alguns, na visão de Ferreira. Como resultado, diz ele, a equipe dos EUA também está vendo muitas transações de financiamentos para esses setores.

“Esses negócios estão prosperando e, ao lado de seus investidores de private equity, procuram oportunidades de reinvestir por meio de alavancagem enquanto as taxas de juros estão baixas”, acrescenta Ferreira.

Para Hugo Luna, sócio de Transações da Grant Thornton Brasil, "a realidade de oportunidades nos segmentos que envolvem soluções de tecnologia, ambiente remoto, e-commerce, etc. não é diferente no Brasil. Com a recuperação dos mercados, os fundos de private equity estão identificando e avaliando oportunidades nessa retomada, para realizar investimentos e rentabilizar seu capital pressionados também pela atual realidade da economia brasileira de baixa taxa de juros. Nesse contexto, torna-se uma oportunidade para empresas brasileiras a busca por capital novo e melhoria de gestão para financiar seu crescimento com a entrada de um private equity."

Paul.Gooley.pngPaul Gooley, sócio e líder nacional de finanças corporativas da Grant Thornton Austrália, diz que a maioria dos fundos de mercado intermediário já havia “direcionado suas estratégias futuras para negócios relacionados a tecnologia” antes da pandemia. Dado que a maioria dos fundos tem uma atribuição exclusivamente doméstica, acrescenta, a Austrália está em boa situação, com apenas uma a duas empresas por carteira – possivelmente nos setores de viagens ou hotelaria – em situação mais crítica.

Para outros, a pandemia impulsionou o desempenho. “Algumas empresas de e-commerce viram o volume dobrar”, diz ele, acrescentando que outros segmentos, como plataformas de educação online, que têm baixa integração na Austrália, também estão vendo mais fluxo de negócios.

Jared Grima web.pngJared Grima, sócio de Transações da Grant Thornton Austrália, diz que as empresas de software como serviço (SaaS) e de serviços gerenciados de TI, que podem fechar contratos recorrentes são particularmente atraentes. “A implementação de cloud está realmente sendo pressionada. Estamos vendo roll-ups de empresas nacionais apoiadas por private equity e juros de participantes dos EUA”.

Tamanho importa

Mickerts diz que as empresas-alvo “Mittelstand” (como são chamadas as empresas pequenas e médias na Alemanha) ainda respondem por três de cada quatro negócios em que estão trabalhando com grandes fundos corporativos e de private equity. A construção residencial nos mercados urbanos, os cuidados domiciliares e o supply chain mais amplo, por exemplo, foram resilientes durante a crise e devem permanecer assim nos próximos dois anos, à medida que o país aborda o déficit habitacional e o envelhecimento da população.

“As necessidades financeiras das empresas alemãs de médio porte são muito mais robustas do que as de empresas maiores, com um índice de participação acionária frequentemente superior a 50%”, diz o sócio alemão.

“Eles podem suportar um ano ruim, até mesmo um ano de Covid-19, permanecer inovadores e sair com uma posição competitiva robusta, de modo que ainda estão atraindo investidores de mercados como a China e os EUA. Mesmo os fornecedores automotivos alemães ainda são atraentes para investidores locais e estrangeiros. Embora isso tivesse sido inconcebível no passado, vemos negócios sendo fechados durante a atual pandemia, sujeitos a um processo de transação 100% virtual, já que os investidores e seus consultores se adaptaram à situação”.

Processos virtuais na prática

Distanciamento social, viagens internacionais e medidas de quarentena forçaram os fundos de private equity e seus consultores a reimaginar elementos do processo de negociação.

Merali admite que o fechamento de negócios virtuais pode trazer eficiência ao processo de transação, mas acredita que a execução de negócios virtuais "ainda não foi experimentada e testada", porque os fundos de private equity precisam encontrar uma nova equipe de gestão em potencial para avaliá-los adequadamente. Merali e Mickerts concordam que os consultores na Europa entraram em ação, assumindo um papel mais ativo na avaliação do caráter da equipe de gestão em nome de seus clientes corporativos e de private equity internacionais até que as viagens internacionais se tornem seguras novamente.

As medidas de distanciamento social também tiveram um impacto significativo no mercado secundário, onde as restrições têm inviabilizado grandes leilões. Um atraso nos relatórios de avaliação também é um fator contribuinte. Apesar disso, as aquisições secundárias estão começando a aumentar e se tornarão mais predominantes em 2021, à medida que oportunidades secundárias estruturadas surgem para empresas com dificuldades de curto prazo, mas com potencial de longo prazo.

Analisando oportunidades

Os últimos meses de 2020 também devem apresentar uma série de insolvências nos mercados. Entre eles estarão fortes ativos essenciais, incluindo talento em gestão e patentes, que não estarão apenas no radar de fundos em dificuldades, mas também participantes do mercado médio que podem ser avisados ​​sobre uma oportunidade imprevista.

Os fundos que buscam reforçar seu portfólio por meio do mercado secundário ou adquirir ativos em dificuldades precisarão manter um diálogo ativo com intermediários e empreendedores, além de estarem prontos para agir rapidamente quando surgirem oportunidades.

É provável que haja interesse sobre a experiência e especialização de sua equipe de investimento para garantir que tenham a combinação certa para as oportunidades de mercado. Negócios habilitados para tecnologia – especialmente aqueles em educação, saúde e comércio – continuarão a atrair o interesse de fundos, assim como aqueles envolvidos na transformação digital e implementação de nuvem. Mas haverá outros setores – como construção, infraestrutura e manufatura – cujo potencial de médio prazo está vinculado ao peso econômico e às políticas governamentais do país em que operam.

Diante de circunstâncias sem precedentes e imprevisíveis, o mercado intermediário como um todo está se mostrando resiliente. As empresas agora estão reabrindo, os bloqueios estão mais localizados e as exportações estão se movendo com mais facilidade. Mas à medida que o apoio governamental e os subsídios diminuem – e vemos quais mudanças no comportamento dos consumidores e da sociedade se tornaram uma parte permanente de um novo mundo – o cenário de negócios continuará a ser radicalmente remodelado. Cada mercado encontrará seu próprio conjunto de oportunidades e obstáculos nos próximos meses, alguns dos quais podem ainda não estar evidentes.

Acelere o crescimento

O setor de private equity está em um momento crucial. Aqueles que veem as oportunidades potenciais e respondem com agilidade e inovação para atendê-las estão bem posicionados para acelerar o crescimento e colher os frutos de longo prazo. Para obter orientação e suporte em todo o ciclo de negócios ou gerenciamento de seu portfólio, conte com nossos especialistas de private equity na sua região.