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ESG e empresas de capital aberto: onde estamos e para onde precisamos ir

Daniele Barreto e Silva
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As ações de sustentabilidade se tornaram um imperativo dos negócios. As projeções da Bloomberg indicam que os ativos ESG globais devem corresponder, até 2025, a mais de um terço de todos os projetados em ativos sob gestão, respondendo por US$ 53 trilhões do total de US$ 140,5 trilhões. Esses números indicam a força crescente dos aspectos ambientais, sociais e de governança entre os parâmetros de avaliação do mercado, que avançam à medida que aumenta a demanda dos investidores em relação à agenda de sustentabilidade.

As definições e determinações ficam mais específicas e exigentes em todo o mundo, especialmente quanto à forma das organizações apresentarem seus dados e informações em relação ao tema. Recentemente a SEC (Securities and Exchange Commission - Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) anunciou que avalia impor regras mais rigorosas nas divulgações ESG pelos fundos, para evitar o uso de “etiquetas verdes” que não correspondem à realidade.

No Brasil, é possível identificar uma maior consolidação no mercado financeiro da máxima de que risco ESG é risco financeiro, porém o grande desafio ao redor dos indicadores de sustentabilidade ainda está na sua subjetividade frente aos aspectos econômico-financeiros e a falta de clareza das organizações sobre como realizar reportes de sustentabilidade efetivos ao mercado, demonstrando o impacto da gestão das informações não-financeiras na geração de valor ao longo do tempo e na gestão dos riscos associados.

Na pesquisa ESG e as empresas de capital aberto, realizada pela Grant Thornton Brasil, XP Inc. e Fundação Dom Cabral, foi possível constatar que as empresas precisam aprimorar a divulgação de suas práticas. Apenas 43% das companhias participantes divulgam informações sobre os fatores ESG de forma clara e recorrente, utilizando o relatório de Sustentabilidade (23%) e outros reportes corporativos (20%).

Benefícios alcançados

O que podemos observar com os resultados da recente pesquisa é que o principal motivador da sustentabilidade na agenda de decisão executiva da grande maioria das organizações brasileiras ainda é a pressão pelo compliance e questões ligadas à valorização da marca (17%), melhoria da reputação (15%) e redução de risco (13%). Apesar desses fatores serem primordiais para as empresas de capital aberto e seu posicionamento no mercado, esse cenário sugere uma agenda reativa, que não é suficiente para atender as demandas de uma população crescente, dentro dos limites ambientais atuais – é necessário ir além e tratar a sustentabilidade como parte da estratégia do negócio.

A pesquisa concluiu que enquanto 75% consideram as questões de sustentabilidade, sociais e de governança como prioridade, apenas 14% as utilizam na tomada de decisão. Diversas razões podem levar a essa discrepância, entre elas o fato de que pouco mais da metade (59%) das empresas possuem uma área para as questões ESG e somente 19% têm reporte ao Conselho de Administração. Outro índice que merece atenção: menos da metade (48%) tem seu CFO envolvido com a agenda ESG.

Quando tratamos da agenda ESG, precisamos entender onde estamos e para onde precisamos ir. O que falta as empresas fazerem para se adequarem às boas práticas preconizadas no mundo? Quais os principais desafios que enfrentam? Como podem avançar? Esses questionamentos são fundamentais para dar direção às ações de sustentabilidade e identificar o nível de maturidade da empresa quanto aos aspetos ESG, seus pontos de evolução, priorizá-los conforme a estratégia e integrá-los em suas operações.

Neste processo, para que as organizações  se comprometam cada vez mais com as boas práticas relacionadas às variáveis ESG é imprescindível que a diretoria e o Conselho de Administração estejam engajados na estratégia da agenda ESG, que é cada vez mais relevante para investidores que buscam maior retorno com menor risco.

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