O International Business Report (IBR) da Grant Thornton revela o nível de otimismo com relação à economia e aos negócios nos próximos 12 meses. A pesquisa semestral foi realizada em 28 países, entre os meses de outubro e dezembro de 2022, com cerca de 4,7 mil lideranças empresariais do middle-market.

Nesta segunda edição do International Business Report de 2022, 67% das lideranças empresariais brasileiras revelaram otimismo em relação ao futuro dos negócios. Esse índice mostra a recuperação do Brasil na pesquisa, passando da 17º para a 6º posição do ranking em comparação com o semestre imediatamente anterior, quando o otimismo era de 57%.

As maiores expectativas positivas dos empresários foram registradas na Indonésia (76%), no Vietnã (75%) e nos Emirados Árabes (74%). Na América Latina o índice foi de 60%, enquanto o índice global ficou em 59%.

IBR: Confira a metodologia aplicada

Principais indicadores do otimismo

Volume de negócios e crescimento da receita

Entre os principais fatores que elevaram o otimismo do empresariado brasileiro para os próximos 12 meses diz respeito à confiança no crescimento da receita e aumento no volume de negócios entre os brasileiros (81%), com apenas 1 p.p. abaixo da última pesquisa e média anual de 81%, a maior dos últimos três anos. Com isso, o Brasil se manteve em terceiro lugar neste item, atrás da Indonésia e Nigéria (84%) e do Vietnã (82%). A América Latina aparece com 73% e o índice global ficou em 56%.

O item lucratividade seguiu a mesma linha, com 81% dos empresários brasileiros confiantes no seu aumento, alcançando a maior média anual dos últimos três anos (81%), 6 p.p. acima de 2021. No topo da última pesquisa aparecem Indonésia e Nigéria (84%), Vietnã (82%) e Brasil (81%). A América Latina, com 73%, ficou em posição bem acima do índice global de 56%.

Empregabilidade e capacitação

Com relação ao número de empregos, os brasileiros são os que têm maior expectativa de crescimento para os próximos 12 meses. Com índice de 75%, o Brasil divide a liderança neste item com a Índia, seguidos pela Nigéria (74%) e Filipinas (67%). A América Latina registrou 62% e a média global ficou em 48%. Vale ressaltar que o Brasil saltou quase 20 p.p. na média anual de 2020 (56%) para 2022 (75%).

Os investimentos nas habilidades das equipes seguem em alta no país, confirmados por 77% dos empresários, contra 78% na pesquisa passada. Com isso, o Brasil assumiu o primeiro lugar, seguido pela Índia (75%) e Nigéria (74%). O índice da América Latina foi de 61% e a média global de 53%.

Investimentos em P&D

Os entrevistados também destacaram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para os próximos 12 meses. O Brasil atingiu o índice de 74% dos que pretendem investir mais, contra 76% no primeiro semestre de 2022. No ranking global, o país manteve o segundo lugar – empatado com a Índia –, atrás da Nigéria, com 83%, e à frente da África do Sul, com 67%. A média global ficou em 51% e a América Latina com 61%.

Tecnologia da Informação

O setor de Tecnologia da Informação manteve o destaque registrado nas últimas edições da pesquisa. Dos empresários brasileiros consultados, 79% afirmaram que investirão mais nos próximos 12 meses. A média anual de 2022 ficou em 80%, contra 76%, em 2021, e 70%, em 2020. As três primeiras posições no ranking desta edição foram ocupadas pela Nigéria (85%), Brasil (79%) e Índia (77%). América Latina registrou 65% e o índice global foi de 57%.

Investimento em Energia Renovável

74% das 264 empresas brasileiras consultadas afirmam que investirão em energias renováveis nos próximos 12 meses. A energia solar receberá a maior fatia dos recursos (94%), seguida pela energia eólica (22%), bioeletricidade (10%) e energia oceânica (5%).

Outro dado importante é que o impacto do custo de energia nas empresas no Brasil, segundo os pesquisados, vem caindo. O índice ficou em 39% na última pesquisa, contra 47% na anterior, realizada no primeiro semestre de 2022. Há um ano, no segundo semestre de 2021, este custo representava 58%. O país atingiu também a menor média anual dos últimos três anos: 43% em 2022, 50% em 2021 e 48% em 2020. 

No ranking geral sobre o custo da energia para empresas de outros países, a África do Sul ficou em primeiro lugar, com 74%, seguida pela Itália (70%) e Irlanda e Nigéria (69%). Na América Latina, o índice ficou em 39% e globalmente em 60%.

“O Brasil tem grande potência e capacidade eólica, solar e em biomassa, portanto, investir em energia renovável é, sem dúvida, uma estratégia acertada e benéfica para toda a cadeia produtiva. Além de benefícios que impactam os custos e valorizam empresas engajadas no pacto global pelo clima – com investimentos voltados para o meio ambiente –, esses investimentos criam oportunidades de desenvolvimento em outros setores correlatos, com geração de empregos”, afirma Élica Martins, líder de Energia e Recursos Naturais na Grant Thornton Brasil.

Avanço ESG

Com relação às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança, em português), as empresas começam a perceber a importância da adoção de ações sustentáveis para seus negócios. Nesse sentido, 50% dos empresários brasileiros pesquisados afirmaram que suas empresas e/ou sua cadeia de suprimentos foram pressionados a adotar práticas ESG.

As ações mais requeridas, destacadas na pesquisa, foram proteger o meio ambiente – fauna e flora (55%); combater a discriminação e estimular o desenvolvimento profissional, ambas com 42%; promover a diversidade (41%); reduzir as emissões de gás de efeito estuda (GEE) e comprometimento da cadeia de suprimentos com as boas práticas, ambas com 38%; combater o desmatamento (35%) e, finalmente, a governança corporativa, com 28%.

“Na prática, ainda é baixo o número de empresas olhando com cautela para a redução das suas emissões de gás de efeito estuda (GEE), haja vista o movimento global e algumas medidas de reguladores nacionais e internacionais que vêm sendo tomadas no sentido de descarbonização e net zero. O mecanismo de ajuste de carbono na fronteira da União Europeia (CBAM, em inglês), com fase preliminar em vigor de 2023 a 2025 e implantação em 2026, é um exemplo de medida que deve impactar diversos setores com taxação de produtos”, avalia Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil.

“Além de mapear os riscos inerentes a cada setor, é importante identificar as oportunidades de redução de custo, fortalecimento de reputação e acesso a capital, quando se integra uma estratégia de baixo carbono nos negócios”, finaliza.

Aspectos limitantes ao crescimento dos negócios

Para as lideranças empresariais brasileiras, o que limita o crescimento dos negócios são as incertezas econômicas (53%), a falta de profissionais qualificados (47%), a falta de financiamento (36%), além da infraestrutura de transporte (29%).

A questão sobre salários continua mostrando uma grande distância entre expectativa de aumento e aumento real em diversos países. Os índices para as expectativas de crescimento dos salários são muito altos, principalmente na Turquia (94%), Índia (92%) e Tailândia (91%). No Brasil, essa expectativa passou de 75% na pesquisa anterior para 84%. Mas, para a expectativa de aumento real de salários, os índices seguem muito baixos. Somente 20% dos entrevistados brasileiros acreditam nessa possibilidade, contra 9% na pesquisa anterior. Os empresários mais otimistas são os da Índia (51%), Turquia (39%) e dos Estados Unidos (33%).

Daniel Maranhão.pngNa avaliação de Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, fatores externos não apresentaram o mesmo efeito que antes influenciavam negativamente o otimismo dos empresários. "O temor dos impactos econômicos em consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, assim como a alta da inflação e das taxas de juros, e o risco de recessão em diversos países, questões que abalaram o otimismo dos empresários globalmente e foram registrados na pesquisa do primeiro semestre de 2022, aparentemente, já foram absorvidos por boa parte dos pesquisados, inclusive entre os brasileiros, que se mostram bastante otimistas com as perspectivas econômicas e volume de negócios para os próximos 12 meses”.

Para o executivo, outro dado importante revelado na pesquisa é a queda dos índices nas questões que limitam o crescimento dos negócios no Brasil, como a falta de financiamento e as incertezas econômicas, que ficaram no menor patamar nos últimos três anos.

"Isto sinaliza que os empresários brasileiros seguem confiantes nas oportunidades para crescimento de seus negócios, baseados em reestruturações operacionais e/ou financeiras, busca de maior produtividade e conquista de novos mercados”.

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O International Business Report (IBR) é publicado semestralmente pela Grant Thorntone e traz informações relevantes para a competitividade de empresas do middle-market. Também publicaremos informações adicionais de nossa pesquisa ao longo do ano.

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