Proteção contra os impactos negativos do trabalho flexível
Existe a preocupação de que uma mudança para o trabalho flexível, se não for realizada adequadamente, possa resultar em consequências negativas para as mulheres. Uma vez que trabalhar em casa possa levá-las a assumir mais responsabilidades domésticas ou de cuidados, o que pode prejudicar sua progressão.
“Precisamos ter cautela quando falamos sobre o modelo home office ser positivo para as mulheres. Pode haver uma implicação de que, quando as pessoas e as organizações dizem que é bom para as mulheres trabalharem em casa, isso pode significar que é porque elas podem realizar tarefas domésticas e de cuidado com mais facilidade. Especialmente se as mulheres estão assumindo cargos de CEO e CIO e trabalhando em casa, é necessário que haja uma cultura para garantir que os limites sejam estabelecidos e as mulheres sejam apoiadas”, comenta Sinead Donovan.
Katerina Koulouri acrescenta: “Trabalhar em casa pode parecer que você está fazendo dois trabalhos ao mesmo tempo. Embora certamente ofereça uma oportunidade de maior equilíbrio entre trabalho e vida doméstica e possa trazer o melhor dos dois mundos, é essencial para a progressão das mulheres que os dois elementos não se tornem indistintos”.
A porta virtual está aberta
O aumento do trabalho híbrido, remoto e flexível levou as empresas a adotar uma série de iniciativas novas ou aprimoradas para garantir o envolvimento e a inclusão dos colaboradores. Impulsionados pelos desafios da pandemia, as lideranças empresariais foram rápidas em agir para criar um ambiente onde os colegas pudessem expor ideias, problemas e perguntas, e encorajaram ou mantiveram uma política de “portas abertas”.
As formas de trabalhar durante a pandemia proporcionaram novos métodos de adoção desse tipo de iniciativa, com as reuniões virtuais e cafés dando visibilidade e, em alguns casos, acesso direto à alta administração. Essa abertura e vontade de implementar novas medidas devem continuar.
O impacto de todas essas medidas, no entanto, precisa de monitoramento e avaliação cuidadosos – as ações que as empresas adotaram em 2022 para garantir o envolvimento e a inclusão dos colaboradores nem sempre foram as medidas que levaram aos níveis mais altos de mulheres na liderança. Prestar muita atenção aos estilos de trabalho dos funcionários e adaptar as abordagens de acordo é algo que apenas 38% das empresas fazem, mas essa ação, entre as que analisamos, se correlaciona com o nível mais alto de mulheres na liderança sênior (35%).
“Na Grant Thornton Austrália, temos uma rede de igualdade de gênero, que é um grupo que fornece compreensão e apoio em toda a organização. Iniciativas como essa são essenciais para aumentar o número de mulheres na liderança, pois criam uma cultura do que chamamos de segurança psicológica – um ambiente onde todos podem falar sobre ideias e questões”, afirma Said Jahani.
Estratégias para desenvolver futuros líderes
Em termos de estratégias de planejamento sucessório, nossa pesquisa mostra que pelo menos 95% das empresas adotaram pelo menos uma das estratégias sugeridas para atrair e reter futuros líderes. 33% adotaram uma estratégia para “garantir clareza e igualdade de oportunidades em relação aos cargos de liderança”.
Outras empresas optaram por se concentrar na implementação de fortes programas de treinamento e/ou suporte de bem-estar (29%). As empresas viam esses dois conjuntos de ações como mutuamente exclusivos, mas entre os líderes da Grant Thornton em todo o mundo, uma combinação de ambos era considerada a maneira mais bem-sucedida de atração e retenção de futuras lideranças.
“Acredito que os dois tipos de estratégia andam de mãos dadas. Concentrar-se em uma ou outra não levaria realmente a uma representação e desenvolvimento adequados da liderança. Os programas de bem-estar e mentoria tornaram-se cada vez mais importantes após a pandemia e vimos um aumento no número de empresas que adotam esses programas. Mas clareza e oportunidades iguais em termos de funções de liderança também são cruciais”, afirma Devika Dixit.
Vivian Lagan acrescenta: “Vimos muito investimento em empresas de médio porte em termos de criação e estabelecimento de ações como programas de mentoria. Onde essas iniciativas são mais bem-sucedidas em atrair mulheres para cargos de liderança sênior é quando o programa se concentra no desenvolvimento de ferramentas para lidar com bloqueadores percebidos ou reais e há uma visão realmente clara de como fazer parte desse programa específico beneficiará seu progresso”.
Acertar essas estratégias é mais importante do que nunca. O movimento conhecido como great resignation colocou pressão sobre as habilidades. Os empregadores devem oferecer uma proposta atraente aos futuros líderes se quiserem que eles permaneçam ou venham de outras empresas.[i]