
Mesmo em cenários de incertezas econômicas e políticas, a intenção de investimento em tecnologia por parte dos CFOs está em alta, além de ser um dos setores menos impactados pela redução de custos. Isso é o que revela a CFO Survey, pesquisa realizada pela Grant Thornton Brasil, que contou com a participação de mais de 130 lideranças financeiras de empresas brasileiras.
Quando questionados sobre a intenção de investimento em Tecnologia da Informação e Transformação Digital para os próximos 12 meses, 51% dos entrevistados declararam que planejam aumentar a quantidade de recursos destinada à essa área, enquanto 45% disseram que pretendem manter o volume de investimentos.
À medida que os avanços tecnológicos são observados no mercado e se tornam cada vez mais essenciais para as empresas, é provável que as despesas relacionadas a esses investimentos sofram reajustes superiores aos de outras áreas e, em determinadas indústrias, com efeitos que podem superar a inflação.
Para o sócio líder de Digital, Tecnologia e Dados da Grant Thornton, Elias Zoghbi, estamos em um momento de grande transformação tecnológica. “É importante a conscientização dos executivos de tecnologia quanto à importância de ser o integrador de grandes mudanças na organização. Trabalhar a eficiência na gestão de custos de tecnologia, possibilita redirecionar esses recursos para investimentos sólidos para apoiar na transformação das operações, que assegurem eficiência e diferenciais competitivos com retornos bem definidos,” destacou.
Inteligência Artificial encontra obstáculos
Apesar de Tecnologia ser a área que mais possui intenção de investimentos, o uso de inteligência artificial ainda é um tabu para parte das empresas. De acordo com o estudo, 65% das organizações ainda não utilizam IA generativa, refletindo desafios como governança, ética e falta de capacitação técnica, além de certa desconfiança e receio por parte dos profissionais.
Essa situação evidencia que a inovação ainda não é tratada como um processo nas empresas, especialmente na área financeira, o que limita a implementação de novas tecnologias.
Por outro lado, 35% afirmam utilizar da tecnologia atualmente, o que demonstra maior expertise ou atenção à inovação, porém ainda apresentam potencial da expansão e otimização significativa.
Em nossa análise, identificamos fatores que influenciam o avanço na utilização da IA generativa nas empresas, incluindo:
- Qualidade e consistência das ferramentas disponíveis no mercado atualmente
- Aspectos éticos e regulatórios para agregar confiança na utilização
- Falta de capacitação técnica para utilização e o próprio treinamento da IA
- Confiabilidade dos dados tratados
Zoghbi defende que “é uma transformação inevitável. A postergação das tratativas de Inteligência Artificial nas organizações pode trazer um distanciamento das possibilidades de eficiência, prejudicar o posicionamento no mercado e materializar riscos antes desconhecidos. Quanto antes debatermos e nos posicionarmos, melhores serão os resultados de longo prazo.”
Tecnologia no planejamento
Contar com profissionais da área de tecnologia em conselhos e comitês das empresas é essencial para o desenvolvimento de estruturas de governança e ambientes de controle robustos. A opinião de especialistas na hora de alocar recursos é essencial para otimizar custos e reduzir gastos, aproveitando ao máximo todos os benefícios e mitigando os riscos trazidos pela adoção de novas tecnologias.
Além disso, esses profissionais podem advogar em favor dos investimentos tecnológicos, explicando a importância e as funcionalidades das ferramentas a todo o corpo diretivo, de modo que os tomadores de decisões compreendam a relevância do investimento.
Zoghbi ressalta que a interlocução com o time de tecnologia requer prática e linguagem específica para alinhar as questões técnicas à estratégia do negócio. “Os direcionamentos dos órgãos de governança são fator-chave para tratar adequadamente as priorizações dos investimentos e as questões de segurança em tecnologia, fundamentais nesse ambiente complexo e repleto de possibilidades.”