
De acordo com a pesquisa “Family Business – Valores, Desafios e Perspectivas", lançada em 2023 pela Grant Thornton Brasil, mais da metade das empresas familiares brasileiras já possuem políticas de Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I) em seus processos de recrutamento.
Os resultados mostram que 30% dos negócios familiares já implementaram políticas de DE&I em suas diretrizes de atração de talentos, enquanto outros 22% foram além e, não somente incorporaram esse tema em seu recrutamento, como também possuem programas de sensibilização interna em prol da diversidade e da inclusão.
Por que diversidade é importante na empresa familiar?
Quando se pesquisa sobre diversidade, descobrimos que este não é somente um tema importante para as empresas, mas identificamos que equipes compostas por membros com experiências, competências e conhecimentos variados normalmente têm um desempenho superior a times formados por pessoas com o mesmo histórico de conhecimento. E é essa pluralidade que possibilita resultados melhores na hora da tomada de decisões.
Embora seja compreensível que uma maior diversidade traz enormes benefícios para a sua empresa familiar, também precisamos reconhecer que criar uma equipe diversificada pode ser um desafio. Pode ser difícil encontrar o talento certo dentro e fora da família, e difícil criar uma equipe integrada de personalidades complementares para mitigar conflitos potenciais.
Numa empresa familiar mista – que envolve membros da família de diferentes relacionamentos, trabalhando em conjunto –, pode haver oportunidades únicas para se aplicar a equidade de gênero, ou outras formas de diversidade, para garantir o sucesso do negócio.
Como as estruturas mistas podem resultar no trabalho conjunto de pessoas de diferentes origens e experiências, cria-se naturalmente uma diversidade de perspectivas dentro da empresa familiar, o que pode ser útil na tomada de decisões e na resolução de problemas.
Enquanto isso, quando surgem desafios, a ênfase na governança pode ajudar a promover a diversidade numa empresa familiar.
Boa governança
Uma boa governança permite que a família administre a empresa de forma mais profissional e fornece uma estrutura para aproveitar todos os talentos da sua organização.
A governança nas empresas familiares fornece uma base sólida para:
- tomada de decisão inclusiva, envolvendo todos os membros relevantes da família, independentemente da função, idade ou gênero;
- desafiar os estereótipos e incentivar uma abordagem baseada no mérito, mitigando assim os preconceitos;
- planejamento sucessório, tendo em mente a diversidade;
- abordar e resolver conflitos de forma rápida e justa; e
- criar uma cultura de colaboração e um ambiente de trabalho saudável, promovendo o respeito e a compreensão mútuos.
Também pode ser explorada uma opção de rotação de membros em posições-chave da governança, a fim de proporcionar oportunidades para um maior número de membros da família, estabelecendo assim uma maior diversidade. É possível, inclusive, focar na próxima geração e nos requisitos para a sua adesão ao negócio.
Portanto, abraçar e comprometer-se com o gênero e outras diversidades numa empresa familiar envolve um planejamento claro e estratégico para criar um ambiente onde todos os membros da família se sintam valorizados e tenham oportunidades iguais de contribuir para o sucesso do negócio.
Compartilhando a receita secreta da família
Assim como pensamos nos pais e avós repassando suas receitas familiares secretas para as gerações seguintes, eles também podem transmitir “receitas” sobre como administram os negócios da família. É nesse compartilhamento de conhecimento – com filhos e filhas, incentivando a próxima geração a se envolver no negócio – que os membros das gerações futuras aprenderão a se tornar bons administradores.
A geração mais experiente tem a responsabilidade de orientar e criar oportunidades para a geração mais jovem – independentemente do seu gênero. A próxima geração deve aproveitar a oportunidade para observar, ouvir e aprender conscientemente. Por meio deste incentivo igualitário, os membros da família podem ser reconhecidos pelas suas competências e capacidades individuais.